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Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

Minha Rua Não Tem Palmeiras (Jarbas Siebiger)

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Minha rua é socialista. Quando chove, há barro para todos. Lá, a democracia é totalitária. Quiseram calçá-la, base de rateio. Uns poucos declinaram, continuou crua. Ideologicamente, prefiro. Seria brindar incapacidades. Na minha rua, economia imita globalização e autossustentabilidade. Tem Paulinho, que apara mato, colore grade, maquia muro. Iara pergunta hora e cronometra salgado quente aos aniversários. Caia fundo de churrasqueira, Rogério improvisará lata. Puxadinho é com o Gérson: cerveja servida, barateia mão-de-obra, afina acabamento. Coelho limpa carburador, põe ponto ao motor. Depois, divide birita e costela. Compradas com os caraminguás do socorro. A mulher lava pra vizinha defronte. Sem pudor, nem preconceito. Necessidade. Nem a coleta do lixo é discriminada. Mesmo assim, garrafas vão separadas. Retornam com detergente. Feito por lá. Procedência se conhece, nota faltará. Política, a rua dispensa: Estado não cumpre, não interfira. Rua minha é solidária. Kombi de Paul

Para Liquidar Os Povos (Milan Kundera)

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Incêndio que destruiu o Museu Nacional Para liquidar os povos, começa-se por lhes tirar a memória. Destroem-se seus livros, sua cultura, sua história. E uma outra pessoa lhes escreve outros livros, lhes dá outra cultura e lhes inventa uma outra história. O Livro do Riso e do Esquecimento, 1978.

Caixa de Pandora (Emanuel Galvão)

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"...as pessoas podiam fechar os olhos diante da grandeza,  do assustador, da beleza, e podiam tapar os ouvidos  diante da melodia ou de palavras sedutoras. Mas não podiam escapar ao aroma.  Pois o aroma é um irmão da respiração  - ele penetra nas pessoas, elas não podem escapar-lhe caso queiram viver. E bem para dentro delas é que vai o aroma,  diretamente para o coração, distinguindo lá categoricamente entre atração e menosprezo, nojo e prazer,  amor e ódio.  Quem dominasse os odores dominaria o coração das pessoas." Trecho de O Perfume - Patrick Suskind Eu sei ler teu corpo Não pense mal de mim Sou feiticeira sim Mas da porção do bem Me quer? De Zeus  Com todo dote Sou mulher semelhante as deusas imortais Mulher com algo mais Assim me fez Hefesto Não digas que não presto Sou da porção do bem Me quer? Se me quer, acredite O desejo indomável quem me deu foi Afrodite Prendada, feita para amar Ensinou-me em arte Atená

Delícia (Patricia Vieira)

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Sua alegria É igual a melancia, Quanto mais a  gente come Mais se delicia! Copyright © 2018 by Patrícia Vieira All rights reserved.

Brincadeira (Mírian Monte)

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Foi brincar de lua, Percebeu-se nua, Em meio às estrelas E conchas do mar Umas maldiziam, Em tom de cochicho, O puro capricho De se revelar Dela se queixavam, Outras, amiúde, Por sua atitude De se desnudar E argumentavam Que não poderia Inspirar solfejos À brisa do mar Mas a lua cheia Tão resplandecente Estava indiferente E decidiu brilhar No fundo, sabia Que sua ousadia Só despertaria Sonhos de mudar Que agradeceriam Em fase derradeira Pela brincadeira De iluminar.

Senhora dos Prazeres (Ronaldo de Andrade / Mácleim)

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                                                                        Rainha de terra e mar Senhora do azul do céu Iara da Mundaú Sereia das enseadas Mãe d’água de Maceió Sua graça é dos prazeres Ó senhora das auroras Estrela da madrugada Que ilumina a cidade Para dançar e tocarem Bois e tambores nas ruas De lá da Ponta da Terra Te rendemos homenagens Ó Iá da prosperidade Mãe dos homens de fé Jangadeiros, Trapicheiros És também a flor do amor Que adorna os terreiros Encarnados da paixão No Poço e no Jaraguá Minha Mestra e Contra Mestra Pastorinha do presépio Diana do pastoril Com manto faixa e coroa E sete rosas na mão Tanta graça, tanto mimo Tá no badalar dos sinos Nas torres perto de Deus Da catedral onde moras Ao brilho de sol e lua Nos temporais e no estio Encantai nossos cantores Ó Senhora dos Prazeres.

MEU CHÃO: NORDESTE (Emanuel Galvão)

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Tanto mais me aproximo do meu chão Mais escuto no ar uma canção Como hino trazido pelo vento Que me faz lembrar todo momento O torrão ardente que me deste A brisa que sopra em meu nordeste. Tanto mais me aproximo do meu chão Mais me pego a fazer uma oração Pra que nunca me esqueça dessa raiz Que apesar de desprezado no país Tem cultura bela e inconteste Essa gente que habita o meu nordeste. Tanto mais me aproximo do meu chão Mais me arde no peito uma paixão Um amor tão quente quanto o sol Colorindo o céu num arrebol Descansando seu brilho no oeste Vai se pondo o sol do meu nordeste. Tanto mais me aproximo do meu chão Mais me dói essa perversa agressão De que somos um povo ignorante Que balança a cabeça a todo instante Se não nos conhece, não se preste A escarnecer assim do meu nordeste. Tanto mais me aproximo do meu chão Gonzaga, Padre Cicero, Lampião Patativa do Assaré, “o inteligente” Representam bem mais a minha gente Não carece de aprovação lá