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Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

Súplica (Miguel Torga)

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Agora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo, Não respondas Às urgentes perguntas Que te fiz. Deixa-me ser feliz Assim, Já tão longe de ti como de mim.

Na Asa do Vento (Luiz Vieira / João do Vale)

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Deu meia noite, a lua abre um claro Eu assubo nos aro, vou brincar no vento leste A aranha tece puxando o fio da teia A ciência da abeia, da aranha e a minha Muita gente desconhece

Somos Hoje Matemática (Branca Barão)

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          A soma de todas as experiências que tivemos até aqui. Cada filme que vimos, cada música que ouvimos, cada relacionamento que tivemos, cada sanduíche que comemos. Divididos entre vida pessoal e profissional, entre ser pai ou amigo, mãe ou filha, entre cuidar de mim mesmo ou do outro. Entre comer e emagrecer, acordar cedo e malhar ou dormir mais um pouco e deixar a academia para lá. Multiplicamos respostas para depois descobrirmos que as perguntas também se multiplicam. Somos o que ainda temos para viver, subtraídos dos anos que já vivemos, bem ou não.

O Anjo Mais Velho ( Fernando Anitelli)

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"O dia mente a cor da noite E o diamante a cor dos olhos Os olhos mentem dia e noite a dor da gente" Enquanto houver você do outro lado Aqui do outro eu consigo me orientar A cena repete a cena se inverte Enchendo a minha alma daquilo que outrora eu deixei de acreditar Tua palavra, tua história Tua verdade fazendo escola E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar Metade de mim Agora é assim De um lado a poesia o verbo a saudade Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim E o fim é belo incerto... depende de como você vê O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só Só enquanto eu respirar Vou me lembrar de você Só enquanto eu respirar... *outra versão aqui: *Veja o vídeo aqui:

Poema em Linha Reta (Álvaro de Campos - heterônimo de Fernando Pessoa )

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Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo. Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gen