Minha Vó Maria Conga (Emanuel Galvão)

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 Minha vó Maria conga Sempre com um terço na mão Me ensinou uma oração Prá quebrar milonga Parecia uma canção Ela falava quimbunda Linguagem, lá da angola  Oração contra quebranto Trouxe com seu povo banto Pena que não se ensina na escola -“tu tens quebranto,  Dois te puseram, três hão de tirar.  De onde este mal veio  Para lá torne a voltar.  Mando embora esse quebranto Em nome das três pessoas da santíssima trindade  Que é o pai, o filho e o espírito santo. Lanço fora essa maldade  Ámem” “quem pode mais do que Deus?” - NIGUEM! Minha vó Maria conga me dizia: Quer de noite, quer de dia Tu “tem” um anjo, menino! Um exú, um anjo negro Que tem zelo e carinho Vai abrindo os teus caminhos Então reza! “santo anjo do senhor Meu zeloso guardador, Se a ti me confiou A piedade divina, Sempre me rege, Sempre me guarde, Me governe Me ilumine, amém E quem pode mais do que deus? NINGUEM! Copyright © 2024 by Emanuel Galvão All rights reserved.

Não Há Elogio Maior Que o Desejo (Felipe Machado)



Não há elogio maior do que desejar alguém. Há adjetivos que podem simular o desejo, há qualidades que podem ser destacadas em uma frase simpática ou sensual inserida no meio do diálogo rotineiro. Mas o desejo, mesmo, aquele que move montanhas e inspira loucuras, esse só se diz com o com os olhos. Ou com o corpo.

(Não é à toa que em inglês ‘desire’ (desejo) rima com fire (fogo), assim como não é à toa que em português rima com ‘beijo’…)

A Wikipedia define desejo como “uma tensão em direção a um fim considerado pela pessoa que deseja como uma fonte de satisfação”. Mas é sério que alguém acha que é possível expressar o desejo em palavras? Eu seria mais pragmático. Desejo é querer muito, muito, muito… alguém.

Há muitas maneiras de encarar o desejo. Há o desejo material, aquele que busca satisfazer nossas necessidades consumistas. Há o desejo espiritual, a vontade de encontrar um equilíbrio utópico entre as forças que regem a existência. Há o desejo por justiça – ou vingança -, que suscita no ser humano os sentimentos mais primitivos. Mas o desejo por alguém é o mais poderoso de todos, porque tem como finalidade o sentimento mais poderoso de todos… o amor.

Se o amor é o que move um homem e uma mulher a ficarem juntos, então só posso supor que o desejo é o instrumento que a natureza inventou para atingir seu objetivo. Sábia natureza, que colocou o prazer como anzol no oceano de peixes que é a sociedade.

Como falei no início, não há elogio maior que desejar alguém. Querer que essa pessoa faça parte da sua vida, dia e noite (principalmente à noite, se é que você me entende), por um tempo indeterminado, é uma das forças que movem o mundo.

Em ‘Um Bonde Chamado Desejo’, filme baseado na peça de Tennessee Williams, a personagem de Vivien Leigh, Blanche DuBois, sussurra entre uma desilusão e outra: “Eu não quero realismo… eu quero mágica…” Embora a história tenha mesmo um bonde chamado ‘Desejo’, acho que essa frase guarda em sua simplicidade tudo o que o dramaturgo quis nos dizer sobre o desejo e o que ele representa.

A vida é feita de realidade, mas não é isso que inspira os nossos sonhos. É a mágica de sentir por outra pessoa o mesmo desejo que queremos que ela sinta por nós. Descobrir o que está por trás disso é um mistério, mas enquanto existir ar em nossos pulmões, sangue em nossas veias e fogo em nossos corações, é um desafio que faz qualquer um acordar pela manhã e dizer para si mesmo: ‘É hoje!’




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