O Beijo (Elsa Moreno)

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O Beijo de Gustav Klint (fragmento) Eu acho que os beijos são dados na boca porque é onde brotam as palavras. Se eu te beijasses a ponta dos dedos, estaria buscando uma carícia; se te beijasse a sola do sapato, estaria buscando um caminho. Se te beijasse as pálpebras enquanto dormes, estaria pedindo permissão para entrar nos teus sonhos, mas estou te beijando os lábios, porque quero ouvir minhas palavras saírem de ti, outra vez. Se te beijasse a planta dos pés, buscaria um passo em falso. Se te beijasse a parte interna do cotovelo, buscaria teus esconderijos. Se te beijasse a sombra, não saberia o que busco, mas estaria tão perto. Se te buscasse essa noite, beijaria cada estranho até te encontrar. Outra vez. Se eu te beijasse, seria como algo escorregadio sobre uma tela de carne que transborda e se espalha pelas vigas da minha casa. Subiria escorregadia por um muro, separando a pele da carne que se injeta em uma estrutura impessoal chamada nome. Estaria consumida antes mesmo de abrir ...

O Acendedor de Esperanças da Rua (Emanuel Galvão)


Basta de verdades baratas. 
Arrancai o ranço do coração! 
As ruas são nossos pincéis 
e paletas as nossas praças. 
No livro do tempo 
ainda não foram cantadas 
as mil páginas da revolução.
Para a rua, futuristas, 
tambores e poetas! 

                                                               Vladimir Maiakóvski 

*Para Letícia Sabatella & Jonathan Silva

La vem o acendedor de esperanças da rua
Este mesmo que vem com sua inquietude,
Seus sonhos, suas dores, a juntar-se a tua,
A transformar, utopia e poesia, em atitude.

Um, dois, três corações, acende e continua
Outros mais a acender, inadvertidamente,
A medida que as trevas, rasteira insinua
Uma estupidez humana, viral e indecente.

Triste ironia atroz que Jorge nos apresenta:
O cordeiro inocente a apostar em lobos,
Enquanto o covarde, da escolha, se isenta.

A insídia do fascismo, se ergue e continua,
Na ilusão do apelo patriótico e seus arroubos.
Fez florescer, acendedores de corações na rua.


- Com Licença poética: Emanuel Galvão
30.10.2018


Copyright © 2018 by Emanuel Galvão
All rights reserved. 

*Letícia Sabatella









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