Se não podes julgar-me com equidade
Se pensas que nasci com a maldade
Negando-me teus braços ou tuas praças
Se o que tens para mim são ameaças
Se só sabes apontar-me o meu mal
Reduzindo a maior idade penal
Dezesseis, quinze, talvez dez
-O melhor não seria a educação?
Se não pode socorrer-me com tuas mãos
Por favor não me pise com teus pés!
Se erguer minha voz é mimimi
É porque não estás disposto a ouvir
Nosso grito abafado e secular
E a teu ponto de vista macular
Essa mãe, essa filha, irmã, amiga
“Que por vezes fala, mas não briga”
Nossa voz é medida em
decibéis?
-“As mulheres a honrosa submissão”!
Se não podes socorrer-me com tuas mãos
Por favor não me pise com teus pés!
Tu discutes, da minha pele o tom
Se é preta, parda ou marrom
E o mais claro é claro te apetece
Não discutes, claro, o que acontece
Do velado, costumeiro preconceito
Que coloca na cor da pele o defeito
E a rica discursão, num plano rés
-Eu sou de negra pigmentação!
Se não podes socorrer-me com tuas mãos
Por favor não me pise com teus pés!
Eu não vim a esse mundo fazer gênero
Mas não sou moldado ou cisgênero
Sou o que sou e o ser que sinto
Sinto muito ter de ser sucinto
Mas a vida tem nos sido breve
Não contempla ou não descreve
A complexa razão desse viés
-Ser diferente não é uma opção!
Se não podes socorrer-me com tuas mãos
Por favor não me pise com teus pés!
Veja se você não é um inocente útil
Que repete um discurso vil e fútil
Nas escolas, nas esquinas, na política
Melhor ter uma opinião analítica
Onde o amor, a justiça e a ética
Façam parte dessa dialética
Revelando de fato quem tú és
- Diante do humano, a compaixão!
Se não podes socorrer-me com tuas mãos
Por favor não me pise com teus pés!
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