Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

PINCÉIS E TURQUESAS (Paulo Caldas)

colocaram um espantalho para espantar os pássaros 
e ele tornou-se a casa deles!


Espantalho palhaço
Apareceu no meu jardim,
Espantalho mil cores
Plantando flores em mim.

Contando piadas,
Batendo palmas,
Divertindo a passarada...

Corriam, gritavam,
Sorriam, saltavam,
Crianças em torno de si,
Pincéis, amarelos,
Papéis e turquesas,
Vermelhos do claro ao carmim.

Os verdes surgiam, cascatas ruidosas,
Das copas frondosas aos finos capins.

Gostava de dançar samba,
Valsa, polca, tudo enfim,
Forró, maxixe, quiabo,
Arroz, feijão, sapoti,
A dança das margaridas,
Xaxado ao som dos flautins.

Dobrados não eram seu forte,
Nem o som dos clarins.
Manobras de vida
Vibravam em seu peito
Em luas de prata e sóis de cetim

Lápis de cor, rabisco, carvão
Eram bandeiras trazidas nas mãos.
Recheios de palha em roupas de chita,
Chapéus coloridos, retalhos, remendos,
Zigue-zague, sianinhas, costuras, linhas,
Compondo em mil partes o todo de mim. 


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