Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

Imagem
Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

PINCÉIS E TURQUESAS (Paulo Caldas)

colocaram um espantalho para espantar os pássaros 
e ele tornou-se a casa deles!


Espantalho palhaço
Apareceu no meu jardim,
Espantalho mil cores
Plantando flores em mim.

Contando piadas,
Batendo palmas,
Divertindo a passarada...

Corriam, gritavam,
Sorriam, saltavam,
Crianças em torno de si,
Pincéis, amarelos,
Papéis e turquesas,
Vermelhos do claro ao carmim.

Os verdes surgiam, cascatas ruidosas,
Das copas frondosas aos finos capins.

Gostava de dançar samba,
Valsa, polca, tudo enfim,
Forró, maxixe, quiabo,
Arroz, feijão, sapoti,
A dança das margaridas,
Xaxado ao som dos flautins.

Dobrados não eram seu forte,
Nem o som dos clarins.
Manobras de vida
Vibravam em seu peito
Em luas de prata e sóis de cetim

Lápis de cor, rabisco, carvão
Eram bandeiras trazidas nas mãos.
Recheios de palha em roupas de chita,
Chapéus coloridos, retalhos, remendos,
Zigue-zague, sianinhas, costuras, linhas,
Compondo em mil partes o todo de mim. 


Copyright © 2013 by Paulo Caldas
All rights reserved.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Essa Negra Fulô (Jorge de Lima)

BORBOLETAS (Mario Quintana)

Se Voltares (Rogaciano Leite)

ESCUTATÓRIA (Rubem Alves)

Gritaram-me Negra (Victoria Santa Cruz)

Eu não gosto de você, Papai Noel!... (Aldemar Paiva)