Postagens

Um Amor (Emanuel Galvão)

Imagem
              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

Romance em Construção (Emanuel Galvão)

Imagem
Olhou aquela mulher como se fosse a única. Deixou de lado o medo e seu jeito tímido.  Parou defronte aquele ser belíssimo.  Tocou seus lindos lábios num beijo úmido. Ela surpreendeu-se com a atitude súbita.  Ficou, atordoada, eu diria que atônita.  Levou as mãos à face e ficou estática.  Seu rosto iluminou-se de um brilho pálido. Beijou-a novamente, firme, forte e rápido.  Antes que parecesse um ato patético.  O que de fato era um ato homérico. E quem observou achou até poético. Seus pés cambalearam e ficaram flácidos.  Mas o seu coração batia tão frenético.  Nunca imaginou ser beijada em público.  Queria parar, mas era hipnótico. Ele estava ali se sentido o máximo.  O que o assustava era um motivo estético.  E desistir então lhe parecia módico.  Os sentimentos puros que trazia tácito.  Então, declarou seu amor, fiel e impávido.  E a partir daí, deixou de ser, teórico. Copyright © 2015 by Emanuel Galvão All rights reserved. Elogio ao Desej

A Palavra (Pedro Costa Pereira - Pedro poeta)

Imagem
A palavra Alavanca e derruba Anula e constrói Pole e corrói Veste e desnuda Afaga e maltrata Alegra e aborrece Apaga e resplandece Adianta e retarda A palavra É o estouro da bomba É o perfume da flor A palavra é quem comanda Se declaras guerra Ou proferes o amor Copyright © 2019 by Pedro Costa Pereira All rights reserved.

A mulher da luz (Mírian Monte)

Imagem
Para você eu corro, Quando necessito de socorro, Quando o mundo cai sobre meus ombros E quando fico sob os escombros Da tristeza e da desilusão. São os seus olhos por que procuro, Quando me perco no escuro, Quando entro em apuro, E quando busco o perdão. É seu abraço que me acolhe Se o que se planta não se colhe Se a sorte se encolhe E se o sonho sonhado só, Simplesmente vira pó. São suas mãos que me ajudam A levantar na segunda-feira, A juntar essa poeira Decidindo recomeçar E a fazer, do pó, sementes Com urgência de estrela cadente, Para outras quimeras semear.  É sua alma, cheirando a alfazema, Que me inspira esse poema E que me faz querer dizer: Mãe, meu amor primeiro, Gratidão por todo o zelo E por me compreender. Minha fada, Minha musa, Minha rainha É você, mãezinha, A mulher da luz E de cada amanhecer. De todos os medos que carrego O maior de todos, eu não nego, É o de ver, minha mãe, O seu sorriso fenecer. Copyright © 2019 by Mírian Mon

Felicidade (Vicente de Carvalho)

Imagem
Só a leve esperança, em toda a vida, Disfarça a pena de viver, mais nada: Nem é mais a existência, resumida, Que uma grande esperança malograda. O eterno sonho da alma desterrada, Sonho que a traz ansiosa e embevecida, É uma hora feliz, sempre adiada E que não chega nunca em toda a vida. Essa felicidade que supomos, Árvore milagrosa, que sonhamos Toda arreada de dourados pomos, Existe, sim : mas nós não a alcançamos Porque está sempre apenas onde a pomos E nunca a pomos onde nós estamos.

Filosofia Nordestina (Mírian Monte)

Imagem
Perdoem-me a intromissão, Mas tem razão o Ministério da Educação. Se o nordestino continuar filosofando, Será um disparate, será desumano! Imagine se surgisse outro Graciliano, Uma nova Raquel de Queiroz... O que seria de nós?! O Brasil perderia as estribeiras! Já pensou se resgatarem a Nise da Silveira? Ah, meu pai amado, meu Jorge Amado! Nem cravo e canela resolvem a querela! "Parem o mundo que quero descer", Quero consignar essa queixa, Parafraseando Raul Seixas. E se os estudantes falarem versos Contarem prosas, Ou citarem Rui Barbosa? Ariano Suassuna que assuma essa ciranda, Porque nem Pontes de Miranda Conseguiria solucionar! E nem se fale em José de Alencar: Imagine se "O Guarani" fosse uma trilogia! Teríamos versos em tupi, na poesia! Vou encerrar com Tobias Barreto, Eu prometo! Ou melhor seria com Castro Alves? Que os anjos nos salvem! Esse povo do Nordeste É povo de muita sabedoria... Imagine se nas escolas Ensinarem filo

Vazantes (Nadja Rocha)

Imagem
Represar exige mais força e energia que  deixar fluir... E fluir é  ser e deixa ser. Que os encontros sejam vazantes... E quando assim não for, ainda  terá sido tudo sobre um mergulho... em você! Copyright © 2019 by Nadja Rocha All rights reserved.

Seol (Jorge Felix de Carvalho/Jürgen Von Felix)

Imagem
Elih se encontrava cansado, triste. Solitário. Diante das dificuldades que enfrentava, não conseguia ver solução. Atolado de processos, relatórios, pareceres e prazos, decidiu que não dava mais! Tentou pensar na música, nas artes, nos sonhos. Lembrou com pesar dos seus antepassados. Tentou esperança na lembrança dos descendentes. Dai, inevitavelmente tornaram-se mórbidos os seus pensamentos, dando uma força descomunal à imaginação nefasta. Elih se encontrava mesmo muito sombrio, desolado! Então, saiu do escritório, mas antes deixou todos os papéis em ordem. Organizou tudo, cada coisa no seu devido lugar. Era como se estivesse despedindo-se para sempre daquela cena. Pegou sua pasta, vestiu seu paletó, e se foi fechando a porta e em seguida jogando a chave no fundo da pasta, como se não mais fosse precisar dela. Andou a esmo em meio a multidão barulhenta, mas só conseguia ouvir uma única voz em sua mente. Olhou para a varanda de um prédio de esquina. E num hipnotizante caminhar su