MEUS ESTIMADOS AMIGOS - DIA DO POETA (Emanuel Galvão)

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Para começar a semana Visitei meu amigo Mário Refiro-me ao Quintana E para meu poema  ficar danado de bom Parceria com Drummond Para ele não conter vícios Parceria com Vinicius E ser amigo do rei Nessa grande brincadeira Acompanhei Manuel Bandeira Também entre as pedras Cresceu minha poesia Cresceu com essa menina Grande Cora Coralina Poesia não precisa de motivo Basta ler em Ledo Ivo Quero iluminar de cima Acendendo lampiões Como fez Jorge de Lima Fazer um poema elegante Sofisticado, bacana Como faz o Afonso O Romano de Sant’anna Fazer poesia que arde Como faz Bruna Lombardi Não escrever coisa atoa Como fez Fernado Pessoa Fazer veros de quilate Como o Olavo Bilac Poema que seja casa Grande como uma mansão Como ergueu Gonzaga Leão Poema de morte e vida Severina vida sem teto Trabalhar no mesmo tema Faze grande o meu poema Como João Cabral de melo Neto Poema que a boca escarra E que escreve com a mão Que afaga e apedreja Sem flores e seus arranjos Como fez Augusto dos Anjos E na Can...

Literatura das Ruas (Sergio Vaz)



A literatura é dama triste que atravessa a rua sem olhar para os pedintes, famintos por conhecimento, que se amontoam nas calçadas frias da senzala moderna chamada periferia.
Frequenta os casarões, bibliotecas inacessíveis ao olho nu e prateleiras de livrarias que crianças não alcançam com os pés descalços.
Dentro do livro ou sob o cárcere do privilégio, ela se deita com Victor Hugo, mas não com os Miseráveis.
Beija a boca de Dante, mas não desce até o inferno.
Faz sexo com Cervantes e ri da cara do Quixote.
É triste, mas A rosa do povo não floresce no jardim plantado por Drummond.
Quanto a nós, Capitães da areia e amados por Jorge,
não restou outra alternativa a não ser criar o nosso próprio espaço para a morada da poesia.
Assim nasceu o sarau da Cooperifa.
Nasceu da mesma Emergência de Mário Quintana e antes que todos fossem embora pra Passárgada, transformamos o boteco do Zé Batidão num grande centro cultural.
Agora, todas às quartas-feiras, guerreiros e guerreiras de todos os lados e de todas as quebradas vem comungar o pão da sabedoria que é repartido em partes iguais, entre velhos e novos poetas sob a benção da comunidade.
Professores, metalúrgicos, donas de casa, taxistas, vigilantes, bancários, desempregados, aposentados, mecânicos, estudantes, jornalistas, advogados, entre outros, exercem a sua cidadania através da poesia.
Muita gente que nunca havia lido um livro, nunca tinha assistido uma peça de teatro, ou que nunca tinha feito um poema, começou, a partir desse instante, a se interessar por arte e cultura.
O sarau da cooperifa é nosso quilombo cultural.
A bússola que guia a nossa nau pela selva escura da mediocridade.
Somos o grito de um povo que se recusa a andar de cabeça baixa e se prostar de joelhos.
Somos O poema sujo de Ferreira Gullar.
Somos o Rastilho da pólvora.
Somos Um punhado de ossos, de Ivan Junqueira Tecendo a manhã de João Cabral de Melo Neto.
Neste instante, neste país cheio de Machados se achando serra elétrica, nós somos a poesia.
Essa árvore de raízes profundas regada com a água que o povo lava o rosto depois do trabalho.

"do livro "Literatura, pao e poesia" Global Editora (2010)

*“Raimundo Arruda Sobrinho era sem-teto em São Paulo, Brasil, por quase 35 anos, e tornou-se conhecido localmente por sentar-se no mesmo local e escrever ..."

 
*Sergio vaz no sarau da Cooperifa.

Veja a entrevista do poeta aqui:

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