MEUS ESTIMADOS AMIGOS - DIA DO POETA (Emanuel Galvão)

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Para começar a semana Visitei meu amigo Mário Refiro-me ao Quintana E para meu poema  ficar danado de bom Parceria com Drummond Para ele não conter vícios Parceria com Vinicius E ser amigo do rei Nessa grande brincadeira Acompanhei Manuel Bandeira Também entre as pedras Cresceu minha poesia Cresceu com essa menina Grande Cora Coralina Poesia não precisa de motivo Basta ler em Ledo Ivo Quero iluminar de cima Acendendo lampiões Como fez Jorge de Lima Fazer um poema elegante Sofisticado, bacana Como faz o Afonso O Romano de Sant’anna Fazer poesia que arde Como faz Bruna Lombardi Não escrever coisa atoa Como fez Fernado Pessoa Fazer veros de quilate Como o Olavo Bilac Poema que seja casa Grande como uma mansão Como ergueu Gonzaga Leão Poema de morte e vida Severina vida sem teto Trabalhar no mesmo tema Faze grande o meu poema Como João Cabral de melo Neto Poema que a boca escarra E que escreve com a mão Que afaga e apedreja Sem flores e seus arranjos Como fez Augusto dos Anjos E na Can...

Acordo Cordel (Emanuel Galvão)




Se não podes julgar-me com equidade
Se pensas que nasci com a maldade
Negando-me teus braços ou tuas praças
Se o que tens para mim são ameaças
Se só sabes apontar-me o meu mal
Reduzindo a maior idade penal
Dezesseis, quinze, talvez dez
-O melhor não seria a educação?
Se não pode socorrer-me com tuas mãos
Por favor não me pise com teus pés!

Se erguer minha voz é mimimi
É porque não estás disposto a ouvir
Nosso grito abafado e secular
E a teu ponto de vista macular
Essa mãe, essa filha, irmã, amiga
“Que por vezes fala, mas não briga”
 Nossa voz é medida em decibéis?
-“As mulheres a honrosa submissão”!
Se não podes socorrer-me com tuas mãos
Por favor não me pise com teus pés!

Tu discutes, da minha pele o tom
Se é preta, parda ou marrom
E o mais claro é claro te apetece
Não discutes, claro, o que acontece
Do velado, costumeiro preconceito
Que coloca na cor da pele o defeito
E a rica discursão, num plano rés
-Eu sou de negra pigmentação!
Se não podes socorrer-me com tuas mãos
Por favor não me pise com teus pés!

Eu não vim a esse mundo fazer gênero
Mas não sou moldado ou cisgênero
Sou o que sou e o ser que sinto
Sinto muito ter de ser sucinto
Mas a vida tem nos sido breve
Não contempla ou não descreve
A complexa razão desse viés
-Ser diferente não é uma opção!
Se não podes socorrer-me com tuas mãos
Por favor não me pise com teus pés!

Veja se você não é um inocente útil
Que repete um discurso vil e fútil
Nas escolas, nas esquinas, na política
Melhor ter uma opinião analítica
Onde o amor, a justiça e a ética
Façam parte dessa dialética
Revelando de fato quem tú és
- Diante do humano, a compaixão!
Se não podes socorrer-me com tuas mãos
Por favor não me pise com teus pés!



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