MEUS ESTIMADOS AMIGOS - DIA DO POETA (Emanuel Galvão)

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Para começar a semana Visitei meu amigo Mário Refiro-me ao Quintana E para meu poema  ficar danado de bom Parceria com Drummod Para ele não conter vícios Parceria com Vinicius E ser amigo do rei Nessa grande brincadeira Acompanhei Manuel Bandeira Também entre as pedras Cresceu minha poesia Cresceu com essa menina Grande Cora Coralina Poesia não precisa de motivo Basta ler em Ledo Ivo Quero iluminar de cima Acendendo lampiões Como fez Jorge de Lima Fazer um poema elegante Sofisticado, bacana Como faz o Afonso O Romano de Sant’anna Fazer poesia que arde Como faz Bruna Lombardi Não escrever coisa atoa Como fez Fernado Pessoa Fazer veros de quilate Como o Olavo Bilac Poema que seja casa Grande como uma mansão Como ergueu Gonzaga Leão Poema de morte e vida Severina vida sem teto Trabalhar no mesmo tema Faze grande o meu poema Como João Cabral de melo Neto Poema que a boca escarra E que escreve com a mão Que afaga e apedreja Sem flores e seus arranjos Como fez Augusto dos Anjos E na Canç...

Um dia atrás do outro (Rita de Cássia Tenório Mendonça)

*

Os dias vêm se sucedendo numa cadência
que não me diz respeito.
Os dias nascem e se encerram
com o mesmo colorido,
o mesmo calor ameno
e a mesma penetração de luz.
Nada muda.
A vida parece não caminhar em meu ritmo.
Sim, sei que ela passa.
Sei sim.
Vejo as marcas da vida
na pele de minhas mãos
e ao redor de meus olhos.
Odeio esses sinais do tempo!
Não poderiam ser outras,
em locais menos visíveis,
essas marcas do que vivi?
Não poderia a aridez da idade
se concentrar toda num lugar só
lá na sola de meu pé esquerdo,
como um arremate bem feito,
onde eu só pudesse vê-lo
com muita dificuldade, em contorsão?
Ou por que não no avesso de minha pele,
lá pela nuca, perdido entre os cabelos
em costura de fio invisível?
Construí minha vida, estou certa.
Sou inquieta demais
para ficar na janela escutando música.
Mas nos últimos tempos os acontecimentos
parecem alheios a meu ritmo.
A vida parece ter me esquecido
em algum cantinho sem graça,
em alguma estrada marginal,
e nada me acontece,
que seja digno de registro.
Estou numa espécie de ponto de apoio
onde as pessoas param,
se entregam ao cansaço, se recompõem
tomam fôlego e prosseguem.
Sou a que diz as palavras de perseverança
bravura e intrepidez.
A que dá força para prosseguirem.
Mas quando elas se animam e vão adiante,
permaneço em minha melancolia atonal,
parada, no tal cantinho
aguardando não sei bem o quê,
e vindo não sei de onde.
Sou, mesmo, da equipe de retaguarda.
A que nunca vai cruzar a linha de chegada,
a que nunca vai receber a taça no podium
mas que participou ativamente da campanha,
no suporte, nos preparativos, nas negociações.
Nunca conduzi feitos magistrais,
mas sempre estou por perto
de quem os deu vida.
Uso bem, e em meu favor,
as descobertas alheias,
mas nunca inventei nada
que viesse a me trazer glória ou prestígio,
ou que levasse meu nome
a ser citado em conversas alheias
travadas há quilômetros de distância.
Só uma vantagem:
se de bom não me vieram ocorrências,
ao menos os infortúnios passaram longe.
Os que amo, não morreram ainda,
Os que convivo, não se machucaram
E nem machucaram ninguém.
A vida segue sua cadência,
num som grave, de batida oca, faceiro,
mas em tom de acompanhamento.
Batuque que sozinha não forma melodia.
Dilema: não sei se espero a vida concluir
esse seu ciclo enfadonho, em marcação amena,
ou se acelero os ritmos de meu coração
e me atiro desvairada
numa rota que não é minha
só para sentir o gosto apimentado
da aventura alheia.
Sinto que esses dias não me pertencem.

*Descrição da imagem.  Sobre pedras polidas de jardim repousa uma flor rosa claro, de muitas pétalas.

Copyright © 2013 by Rita Mendonça
     All rights reserved.

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