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Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacienñtes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

Teus Olhos Negros, Tua Tez Morena (Carlos Manuel Arita)

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Fascina-me a brancura da açucena - as flores alvas são as mais bonitas - mas me atraem com forças infinitas teus olhos negros, tua tez morena. Como as flores, também, casta e serena, aos desejos de amar, por certo, incitas, porém só vejo, em ânsias vãs, aflitas, teus olhos negros, tua tez morena e se adorar-te fosse a minha pena, arrastaria tudo, humildemente (a alma, livre da angústia que a condena), para ter-te afinal sempre presente, amaria em silêncio, eternamente, teus olhos negros ... tua tez morena. (Honduras 1912 - 1989)

Acolher (Claudia Lima)

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Dê abraços acolhedores sempre. Só quem já acolheu uma criança pequena no colo E sentiu dela um relaxamento de confiança, de entrega Sabe o que é acolher. Para acolher é necessário Estar pronto a receber, E não é fácil... Porque a troca de energia É via de mão dupla: vai e volta. Quem vai em busca do acolhimento Procura: calor, segurança, aconchego, entrega Chega em busca de um abraço, um colo... Por muitos motivos: dor, perda, decepção, estresse, coração partido e muito mais... Quem acolhe tenta ser esponja grande e macia, Cheia de energia positiva Para acolher, e acolher bem.  Copyright © 2019 by Claudia Lima All rights reserved.

Proletariado (Hélder Aragão - Dj Dolores)

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*(foto) Justiça, que justiça? Se é sempre a mundiça entupindo as prisões! Justiça, que justiça? Se é sempre a mundiça entupindo as prisões! Justiça, que justiça? Se é sempre a mundiça entupindo as prisões! E quem é que apanha? Proletariado! É quem passa a fome? Proletariado! Sempre desempregado? Proletariado! A caminho do crime? Proletariado! Quem tá fora da festa, Quem bate com testa, No muro da grana, Quem mora no buraco, Quem carrega o saco, Quem é o culpado? Pra quem é a polícia? Pra quem é a polícia? Justiça, que justiça? Se é sempre a mundiça entupindo as prisões! Justiça, que justiça? Se é sempre a mundiça entupindo as prisões! Justiça, que justiça? Se é sempre a mundiça entupindo as prisões! E quem é que apanha? Proletariado! É quem passa a fome? Proletariado! Sempre desempregado? Proletariado! A caminho do crime? Proletariado! Quem tá fora da festa, Quem bate com testa No muro da grana, Quem mora no buraco, Quem carrega o saco, Quem é o culpado? Pra quem é a

A Voz Do Silêncio (Martha Medeiros)

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Paula Taitelbaum é uma poeta gaúcha que acaba de lançar seu segundo livro, Sem Vergonha, onde encontrei um poema com apenas dois versos que diz assim: "Pior do que uma voz que cala/É um silêncio que fala". Simples. Rápido. E quanta força. Imediatamente me veio a cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades. Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim. É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. Já

Os Leitores (Emanuel Galvão)

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Os tidos normais Leem com os olhos A paisagem pelas palavras Criadas Os cegos Leem com dedos E com bastante tato Percorrem os corpos das páginas De letras tatuadas Os surdos Leem as libras Os livros E os lábios Os emotivos Têm seus motivos Para lerem sinestesicamente Hão de concordar aos sábios Os malucos como eu Que a vida tanto inquieta No ofício de ser poeta Despretensiosamente Lê o que outro sente E os amantes Ao contrário das cartomantes Das quiromantes Leem além das cartas e das mãos O que não está oculto ao coração Algo que do corpo se revele Leem os desejos segredados... Em cada tipo de pele. Copyright © 2015 by Emanuel Galvão  All rights reserved. Elogio ao Desejo & Outras Palavras / Emanuel Galvão, Maceió - AL. - Quadrioffice Editora, Quatro Barras, PR, 2015. Pag. 36