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Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Poema de Amor Para Ninguém em Especial (Mark O'Brien)

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Deixe-me tocá-la com minhas palavras Pois minhas mãos inertes pendem como luvas vazias Deixe minhas palavras acariciarem seu cabelo deslizar tuas costas abaixo e brincar em teu ventre pois minhas mãos, de voo leve e livre como tijolos ignoram meus desejos e teimosamente se recusam a tornar realidade minhas intenções mais silenciosas Deixe minhas palavras entrarem em você carregando tochas aceite-as voluntariamente em seu ser para que possam te acariciar devagarinho por dentro. Mark O’Brien Biografia Mark O’Brien (1949-1999) é um Poeta e jornalista americano. O’Brien contraiu poliomielite em 1955 e passou o resto da sua vida paralisado, com o auxílio de um pulmão de ferro. Mas isso não o impediu de lutar por se exprimir. E fê-lo como escritor de artigos e de poesia. Foi também um acérrimo defensor de pessoas com algum grau de incapacidade. Foi co-fundador de uma editora – Lemonade Factory – que dedicou o seu trabalho à divulgação de poesia escr

A Reunião dos Bichos (Antônio Francisco)

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Eu vinha de Canindé  Com sono e muito cansado Quando vi, perto da estrada Um juazeiro copado. Subi, armei minha rede, Fiquei nele deitado. Como a noite estava linda Procurei ver o cruzeiro, Mas cansado como estava Peguei no sono ligeiro, Só acordei com os gritos Debaixo do juazeiro. Quando olhei para baixo Eu vi um porco falando, Um cachorro e uma cobra E um burro reclamando, Um rato e um morcego E uma vaca escutando. O porco dizia assim: -“Pelas barbas do capeta! Se nós ficarmos parados A coisa vai ficar preta... Do jeito que o homem vai Vai acabar o planeta. Já sujaram os sete mares Do Atlântico ao mar Egeu, As florestas estão capengas, Os rios da cor de breu E ainda por cima dizem Que o seboso sou eu. Os bichos bateram palmas, O porco deu com a mão, O rato se levantou E disse: – “Prestem atenção, Eu também já não suporto Ser chamado de ladrão. O homem, sim, mente e rouba, Vende a honra, compra o nome. Nós só pegamos a sobra Daquilo

Ela é Mar (Ademir João da Silva)

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Ela é mar que invadiu, inundou com corpo, alma, personalidade política, arte e eu, feito boca acanhada do Mundau ante o oceano  escancarei-me! virei ria* tresloucada e serelepe. Também ganhei mais sal mais gosto diante do mundo A minha cara? O meu cabelo?  A minha cabeça? Um delicioso cheiro de maresia lagunar  manguesina diversa da marítima -virei estuário- . É, ela é m a r que inundou afogou e eu, feito boca acanhada do Mundau ante o Atlântico alarguei-me! pra logo em seguida derrengar-me, jazer lá alagadiço meio tamponado e ofegante por alguns momentos imediatamente após a vaza da maré -menos água, menos sal agora- porém mais sabor e cor e tão úmido e tão cheiroso. Copyright © 2019 by Ademir João da Silva  All rights reserved.  * substantivo feminino Esteiro ou braço de rio, geralmente usado para navegação. ... Costa rasa do mar com recortes profundos (mais usada no plural):rias do mar. **Modelo Emanuelle Batista , fot

Mutirão de Amor ( Jesse Silva / Jorge Aragao / Montgomery Nunis)

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Cada um de nós deve saber se impor  E até lutar em prol do bem estar geral Afastar da mente todo mal pensar Saber se respeitar Se unir pra se encontrar Por isso, vim propor Um mutirão de amor Pra que as barreira se desfaçam na poeira E seja o fim, o fim do mal pela raiz Nascendo o bem que eu sempre quis É o que convém pra gente ser feliz Cantar sempre que for possível Não ligar pros malvados Perdoar os pecados Saber que nem tudo é perdido Se manter respeitado Pra poder ser amado Click no link abaixo e ouça a música

Partilhar (Rubel Brisolla)

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Se for preciso eu pego um barco, eu remo por 6 meses Como peixe, pra te ver 'Tão pra inventar um mar grande o bastante Que me assuste, que eu desista de você Se for preciso eu crio alguma máquina Mais rápida que a dúvida Mais súbita que a lágrima Viajo a toda força e n'um instante de saudade e dor Eu chego pra dizer que eu vim te ver Eu quero partilhar, eu quero partilhar A vida boa com você Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante A cada hora que eu tô longe é um desperdício Eu só tenho 80 anos pela frente Por favor, me dá uma chance de viver Eu quero partilhar, eu quero partilhar A vida boa com você Se for preciso eu pego um barco, eu remo por 6 meses Como peixe, pra te ver 'Tão pra inventar um mar grande o bastante Que me assuste, que eu desista de você Se for preciso eu crio alguma máquina Mais rápida que a dúvida Mais súbita que a lágrima Viajo a toda força e n'um instante de saudade e dor Eu chego pra dizer que eu v

CANÇÃO DAS MULHERES (Lya Luft)

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Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais. Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta. Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor. Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso. Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes. Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais. Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida. Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!'' Que quando sem querer eu

"Não Temos Muito o Que Conversar" (Majal-San)

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As esquinas não se fazem sós, A Lua não brilha por si. A brisa não refresca por nós, A nota que desafina em Mi. As curvas não se entortam alheias, A ventania atordoa o pó. Teus olhos não se retraem – anseias A nota que desafina em Dó. As vozes não se calam à toa, A Poesia permanece de pé. Teu sussurro deveras entoa Uma nota que desafina em Ré. *Veja mais do autor  aqui