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Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Tá Combinado (Caetano Emanuel Viana Teles Veloso)

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Então tá combinado, é quase nada  É tudo somente sexo e amizade Não tem nenhum engano nem mistério É tudo só brincadeira e verdade Podemos ver o mundo juntos Sermos dois e sermos muitos Nos sabermos sós sem estarmos sós Abrirmos a cabeça Para que afinal floresça O mais que humano em nós Então tá tudo dito e é tão bonito E eu acredito num claro futuro De música, ternura e aventura Pro equilibrista em cima do muro Mas e se o amor pra nós chegar De nós, de algum lugar Com todo o seu tenebroso esplendor? Mas e se o amor já está Se há muito tempo que chegou E só nos enganou? Então não fale nada, apague a estrada Que seu caminhar já desenhou Porque toda razão, toda palavra Vale nada quando chega o amor

Os Pés no Chão (Emanuel Galvão)

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Sabe seu moço, eu aprendi uma palavra nova. Uma palavra da moda, pra se falar de democracia. Tem a ver com falsidade, essa tal de hipocrisia. Serve para o poder prender gente sem prova, Mas deve ter alguma outra serventia: Tirar de circulação o que os “home” desaprova, Prejudicar quem já está com o pé na cova, Silenciar, quem sabe, alguma teimosia. Seu moço eu sou pessoa simples, “ignorante”, Mas, não vivo num mundo de fantasia. Quero lançar também meu grito retumbante! Sabe os de luta? Pertenço a essa categoria. Sou talvez um pé na cova com pés no chão. Seu moço, os oprimidos fazem a revolução. Copyright © 2018 by Emanuel Galvão All rights reserved.

Eu Venho de Lá... (Rita Maidana)

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Eu venho de lá, onde o bem é maior. De onde a maldade seca, não brota. De onde é sol, mesmo em dia de chuva e a chuva chega como benção. Lá sempre tem uma asa, um abrigo para proteger do vento e das tempestades. Eu venho de um lugar que tem cheiro de mato, água de rio logo ali e passarinho em todas as estações. Eu venho de um lugar em que se divide o pão, se divide a dor e se multiplica o amor. Eu venho de um lugar onde quem parte fica para sempre, porque só deixou boas lembranças. Eu venho de um lugar onde criança é anjo, jovem é esperança e os mais velhos são confiança e sabedoria. Eu venho de um lugar onde irmão é laço de amor e amigo é sempre abraço. Onde o lar acolhe para sempre, como o coração de mãe. Eu venho de um lugar que é luz mesmo em noite escura. Que é paz, fé e carinho. Eu venho de lá e não estou sozinho, “SOU CATADORA DE LINDEZAS", sobrevivo de encantamento, me alimento do que é bom, do bem. Procuro bonitezas e bem querer, sobrevivo do que tem clar

Ao Góes (Emanuel Galvão)

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“Plantei um pé de saudade E nunca mais ele morreu”                            mgóes Ele vivia driblando a solidão mente sã corpo não era do tipo de poeta que costura versos com a linha do equador eu costurei seus versos num poema de amor sua poesia nasceu para sentir, e hoje mais do que nunca sente... e sente muito sua ausência e Deus lhe deu de presente um pedaço de céu azul escrito em baixo: estrelado para cima. ele que era como Deus só que as avessas escrevia torto por linhas retas foi recebido por antigos poetas e escritores: Ascenso Ferreira, Hermilo Borba Filho, fez bonito frente aos conterrâneos Juarez Correia, Luiz Berto a doença ao Góes entregou... um poeta liberto. Copyright © 2018 by Emanuel Galvão All rights reserved.

Serra da Barriga (Jorge de Lima)

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Serra da Barriga! Barriga de negra-mina! As outras montanhas se cobrem de neve, de noiva, de nuvem, de verde! E tu, de Loanda, de panos-da-costa, de argolas, de contas, de quilombos! Serra da Barriga! Te vejo da casa em que nasci. Que medo danado de negro fujão! Serra da Barriga, buchuda, redonda, de jeito de mama, de anca, de ventre de negra! Mundaú te lambeu! Mundaú te lambeu! Cadê teus bumbuns, teus sambas, teus jongos? Serra da Barriga, Serra da Barriga, as tuas noites de mandinga, cheirando a maconha, cheirando a liamba? Os teus meio-dias: tibum nos peraus! Tibum nas lagoas! Pixains que saem secos, cobrindo sovacos de sucupira, barrigas de baraúna! Mundaú te lambeu! Mundaú te lambeu! De noite: tantãs, curros-curros e bumbas, batuques e baques! E bumbas! E cucas: ô ô! E bantos: ê ê Aqui não há cangas, nem troncos, nem banzos! Aqui é Zumbi! Barriga da África! Serra da minha terra! Te vejo bulindo, mexendo, gozando Zumbi! Depois, minha