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Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Feliz Ano Todo! (Emanuel Galvão)

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Escolha uma definição de felicidade. Se tu tens em mãos a matéria prima Erga como se ergue uma cidade. Então nela, fielmente imprima: Tuas mais razoáveis necessidades. Apesar das dificuldades, não se deprima. Muito além, do fútil e das vaidades, Ou de qualquer possível autoestima. Qualquer força, que nos destina: Crenças, ordens, leis ou verdades, Para além das superestimas Ou mesmo das cruéis realidades. Escolha uma definição de Felicidade. Felicidade permanente é um engodo Imposta pelos credos e a sociedade... Felicidade sempre e não o tempo todo! Copyright © 2017 by Emanuel Galvão All rights reserved.

O Tempo (Roberto Pompeu de Toledo)

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Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante tudo vai ser diferente.

Outro Natal (Paulo Miranda Barreto)

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outro Natal se passou igual a outros iguais. . . ’Jesus nasceu, sofreu, ressuscitou deixou-nos sua Luz . . . não voltou mais’ faz muito tempo . . . e, o que se transformou? ainda guerreamos . . . pela paz . . . não nos amamos mais do que Ele amou . . . seguimos egoístas . . . imorais alheios às Lições que Ele ensinou. . . e cheios desse orgulho contumaz que o Cristo, claramente condenou . . . (por bem saber o mal que ele nos faz) em nossos corações . . . o que vingou? o amor de Deus? o fel de Satanás? após dois mil Natais . . . nada mudou (seguimos libertando . . . Barrabás). Este trabalho está licenciado com uma  Licença Creative Commons - Atribuição CompartilhaIgual 4.0 Internacional -. *Ilustração de Pawel Kuczynski

"Cinismo" (Emanuel Galvão)

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Dedicado a Walfrido Pedrosa de Amorim (Nô Pedrosa) Um sujeito oculto e culto Que fez de suas palavras uma hoploteca Tem seu escritório Em frente à biblioteca -Doutor da anarquia- Seu predicado maior Era não ter dominação ou hierarquia. Tu me acusarás Eu não obedeço Ele me prende Eu não obedeço Nós protestaremos Eu não obedeço Vós desejais Eu não obedeço Eles mandam Eu não obedeço - não é pessoal, é convicção - Talvez tenha em outro plano Planos para sua subversão! Copyright © 2017 by Emanuel Galvão All rights reserved. *07 de setembro de 1940 +23 de dezembro de 2017

Musa (Mírian Monte)

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É o decote da tua blusa Que não mostra, insinua; Que desperta o desejo De ter ver inteira nua. São as covas dos teus risos, Que brotam em lábios indecisos, E se entreabrem levemente, Ora prometem beijos quentes E, de vez em quando, orgulhos ferem, Com as palavras que proferem, Cordiais, indiferentes. É o olhar inquietante, Que as almas dilacera, Que acorda a quieta fera, Por mesmice adormecida E que a torna decidida A abrir suas cortinas, A lançar-se em aventura, A rasgar o tal decote, Que não mostra: insinua; Que revela as fraquezas, Da moralidade imposta; Que coloca à toda prova, Os costumes, a cultura. É caminho feminino, De curvas acentuadas, Muito pouco advertidas, Numa pele tatuada. É a tez despreocupada, Mesmo quando te acusam, Mesmo quando te profanam, Mesmo quando te torturam. É a dúbia identidade: Ora fada, ora bruxa, Ora ninfa, ora musa, Que o teu andar oculta; É o decote da tua blusa, Que não mostra, insinua, Que desperta o des

Disparate (Paulo Miranda Barreto)

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(Amor Danado) Se for pedir demais, Deus . . . me perdoe! Mas, quero um grande amor desassombrado! Assaz libidinoso e doido e ousado! Que me oriente enquanto me atordoe. . . Que ame amar demais e amaldiçoe o ódio, o tédio, o medo , os versos xoxos. . . Que adore dar prazer . . .  e sempre doe abraços apertados, risos frouxos. . . Que nunca fique ausente do meu lado. . . Delire a ler . . . a ouvir David Bowie e vá comigo aonde quer que eu voe (e soe bem . . .  até desafinado)! Que seja eterno enquanto dure o fado. . . E enquanto o infinito for infindo E enquanto houver amor no mundo irado. . . Agora . . . e nos futuros que estão vindo. . . Eu quero um grande amor exagerado. . . Que gere inquietude e me arrebate Que enxergue uma virtude em meu pecado e que amiúde, coma chocolate. . . Que me condene a sempre ser amado (até depois que a vida enfim nos mate) Quero um amor assim . . .  ‘Amor danado’! Perdão Senhor . . . se for um disparate. *Este trabalho e

Eu não gosto de você, Papai Noel!... (Aldemar Paiva)

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Eu não gosto de você, Papai Noel!  Também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia. Se os garotos humildes da cidade soubessem do seu ódio à humildade, jogavam pedra nessa fantasia. Você talvez nem se recorde mais. Cresci depressa, me tornei rapaz, sem esquecer, no entanto, o que passou. Fiz-lhe um bilhete, pedindo um presente e a noite inteira eu esperei, contente. Chegou o sol e você não chegou. Dias depois, meu pobre pai, cansado, trouxe um trenzinho feio, empoeirado, que me entregou com certa excitação. Fechou os olhos e balbuciou: “É pra você, Papai Noel mandou”. E se esquivou, contendo a emoção. Alegre e inocente nesse caso, eu pensei que meu bilhete com atraso, chegara às suas mãos, no fim do mês. Limpei o trem, dei corda, ele partiu dando muitas voltas, meu pai me sorriu e me abraçou pela última vez. O resto eu só pude compreender quando cresci e comecei a ver todas as coisas com realidade. Meu pai chegou um dia e disse, a seco: “Onde é que está aquele seu