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Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacienñtes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

Um Beijo (Olavo Bilac)

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Foste o beijo melhor da minha vida, ou talvez o pior...Glória e tormento, contigo à luz subi do firmamento, contigo fui pela infernal descida! Morreste, e o meu desejo não te olvida: queimas-me o sangue, enches-me o pensamento, e do teu gosto amargo me alimento, e rolo-te na boca malferida. Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo, batismo e extrema-unção, naquele instante por que, feliz, eu não morri contigo? Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto, beijo divino! e anseio delirante, na perpétua saudade de um minuto...

'Amor' (Luís Vaz de Camões)

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Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar-me, e novas esquivanças; que não pode tirar-me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho. Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho. Mas, conquanto não pode haver desgosto onde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê. Que dias há que n'alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê. *Luís de Camões Camões, L. V. de. Sonetos. Lisboa: Livraria Clássica Editora. 1961.

Oficina de Poesia (Sergio Vaz)

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"o que é poesia?" O menino me perguntou. "Poesia é a forma diferente de olhar as coisas." Eu perguntei: " o que tem na minhas mãos?" "Água." Todos responderam. Perguntei de novo " o que tem nas minhas mãos?" "água." Perguntei mais uma vez, só que desta vez alguém lá no fundo disse "mar" do outro lado alguém disse "Chuva" "enchente" "lágrimas" "Vida" "suor" "refrigerante" "suco" "banho" etc. etc. etc. Aí, eu disse: "Pera lá, mas agora pouco não era só um copo de água?" "ha, ha, ha, ha, ha, ha..." E todos nós rimos como se a dor não existisse. E a água da poesia quase afogou meus olhos. O Coração já tinha transbordado há muito tempo.

Quem me leva os meus fantasmas (Pedro Abrunhosa)

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(*) Aquele era o tempo Em que as mãos se fechavam E nas noites brilhantes as palavras voavam, E eu via que o céu me nascia dos dedos E a ursa maior eram ferros acesos. Marinheiros perdidos em portos distantes, Em bares escondidos, Em sonhos gigantes. E a cidade vazia, Da cor do asfalto, E alguém me pedia que cantasse mais alto. Quem me leva os meus fantasmas? Quem me salva desta espada? Quem me diz onde é a estrada? Quem me leva os meus fantasmas? Quem me leva os meus fantasmas? Quem me salva desta espada? E me diz onde e´a estrada Aquele era o tempo Em que as sombras se abriam, Em que homens negavam O que outros erguiam. E eu bebia da vida em goles pequenos, Tropeçava no riso, abraçava de menos. De costas voltadas não se vê o futuro Nem o rumo da bala Nem a falha no muro. E alguém me gritava Com voz de profeta Que o caminho se faz Entre o alvo e a seta. Quem leva os meus fantasmas? Quem me salva desta espada? Quem me diz onde é a estrad

Código (Emanuel Galvão)

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Coração diz umas coisas... Um código morse, feitos de tum-tuns Umas mudanças de brilho no olhar Tem que entender de amor pra decifrar Fala para todos Mas, só o entendem, alguns.

A Idade e a Mudança (Lya Luft)

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"Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo.      Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres  de todas as raças, credos e idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.      Foi um momento inesquecível...  A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.      Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?' Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.        Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.   

Disfarce (Maria Raquel Santos)

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Normal... Eu sinto ciúmes. Me aborreço. Fico triste, sinto saudades!