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Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

O Apanhador de Desperdício (Manoel de Barros)

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Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo.

Amor Cachoeira (Paulino Vergetti Neto)

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Não há a distância que vejo entre os teus olhos e os meus que se vêem sem se verem. Há dois imensos corações que ouvem um grande amor nascer

O Poeta Diante de Deus (Jorge de Lima)

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Senhor Jesus, o século está pobre. Onde é que vou buscar poesia? Devo despir-me de todos os mantos, os belos mantos que o mundo me deu. Devo despir o manto da poesia. Devo despir o manto mais puro. Senhor Jesus, o século está doente, o século está rico, o século está gordo. Devo despir-me do que é belo, devo despir-me da poesia, devo despir-me do manto mais puro que o tempo me deu, que a vida me dá. Quero leveza no vosso caminho. Até o que é belo me pesa nos ombros, até a poesia acima do mundo, acima do tempo, acima da vida, me esmaga na terra, me prende nas coisas. Eu quero uma voz mais forte que o poema, mais forte que o inferno, mais dura que a morte: eu quero uma força mais perto de Vós. Eu quero despir-me da voz e dos olhos, dos outros sentidos, das outras prisões, não posso Senhor : o tempo está doente. Os gritos da terra, dos homens sofrendo me prendem, me puxam ¬ me daí Vossa mão. JORGE DE LIMA (1895 — 1953) J

Fuá na Casa de Cabral (Sérgio Roberto Veloso de Oliveira - Siba / Helder Vasconcelos)

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Naquele Brasil antigo Perdido no desengano Seu Cabral chegou nadando E não preocupou com nada Deu ordem à rapazeada Mandou barrer o terreiro: "Me chame o pai do chiqueiro que hoje eu quero forró, Toré, samba, catimbó Que eu já virei brasileiro"

Amor Feinho (Adélia Prado)

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Amor feinho Eu quero amor feinho. Amor feinho não olho um pro outro. Uma vez encontrado é igual fé, não teologa mais. Duro de forte o amor feinho é magro, doido por sexo e filhos tem os quantos haja. Tudo que não fala, faz. Planta beijo de três cores ao redor da casa e saudade roxa e branca, da comum e da dobrada. Amor feinho é bom porque não fica velho. Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é: eu sou homem você é mulher. Amor feinho não tem ilusão, o que ele tem é esperança. Eu quero amor feinho.

Feliz Páscoa (Frei Beto)

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Feliz Páscoa aos que desdobram a subjetividade, rompendo a casca do ego para deixar renascer a mulher ou o homem novo, e a quem se nutre de TV sem enxergar as maravilhas encerradas no próprio peito. Feliz Páscoa aos artífices da paz que, entre conflitos, exalam suavidade, não achibatam com a língua a fama alheia, nem naufragam nas próprias feridas. E aos emotivos que deixam escapar das mãos as rédeas da paciência e nunca abandonam as esporas da ansiedade.

Chegança (Antônio Nóbrega / Wilson Freire)

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Sou pataxó, Sou xavante e cariri, Ianonami, sou tupi Guarani, sou carajá. Sou pancaruru, Carijó, tupinajé, Potiguar, sou caeté, Ful-ni-o, tupinambá.