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Mostrando postagens com o rótulo Vinícius de Moraes

Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

'E no longo capítulo das mulheres... - Desespero da Piedade - (Vinícius de Moraes)

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(...) E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tenha piedade das mulheres Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres! Tende piedade da moça feia que serve na vida De casa, comida e roupa lavada da moça bonita Mas tende mais piedade ainda da moça bonita Que o homem molesta — que o homem não presta, não presta, meu Deus!  Tende piedade das moças pequenas das ruas transversais Que de apoio na vida só têm Santa Janela da Consolação E sonham exaltadas nos quartos humildes Os olhos perdidos e o seio na mão. 

A Casa (Vinícius de Moraes)

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Era uma casa muito engraçada Não tinha teto, não tinha nada Ninguém podia entrar nela, não Porque na casa não tinha chão

Ausência (Vinicius de Moraes)

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Rio de Janeiro Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.

Desespero da Piedada [Trecho] (Vinícius de Moraes)

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(...) E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tende piedade das mulheres Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres! Tende piedade da moça feia que serve na vida De casa, comida e roupa lavada da moça bonita Mas tende mais piedade ainda da moça bonita Que o homem molesta - que o homem não presta, não presta, meu Deus!

Soneto de separação (Vinícius de Moraes)

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De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

SONETO DO AMOR TOTAL (Vinícius de Moraes)

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Amo-te tanto, meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade.

SONETO DA FIDELIDADE (Vinícius de Moraes)

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De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.

O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO (Vinícius de Moraes)

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       E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe  num momento de  tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:  - Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue  e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, respondendo, disse-lhe: - Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás. Lucas, cap. V, vs. 5-8.    Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão. Como um pássaro sem asas Ele subia com as casas Que lhe brotavam da mão. Mas tudo desconhecia De sua grande missão: Não sabia, por exemplo Que a casa de um homem é um templo Um templo sem religião Como tampouco sabia Que a casa que ele fazia Sendo a sua liberdade Era a sua escravidão. 

A FELICIDADE (Vinícius de Moraes, Tom Jobim)

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Tristeza não tem fim Felicidade sim... A felicidade é como a pluma Que o vento vai levando pelo ar Voa tão leve Mas tem a vida breve Precisa que haja vento sem parar.