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Mostrando postagens com o rótulo Socorro Monteiro

Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

SEDUÇÃO DO OLHAR (Socorro Monteiro)

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São somente roupas penduradas! Meu olhar, assim foi seduzido por esta fotografia; Sem perceber, convenceu a minha mente a tornar-se linha.  E foi tecendo delicadamente ... O volume do teu corpo forte e vivo a se movimentar dentro da roupa; O brilho dos teus cabelos quase molhados após o banho; O Teu Rosto firme de expressão muito séria; A delicadeza do teu olhar expresso nas imagens que crias. Aos poucos, a linha da minha mente foi tecendo o homem da roupa... A tua pele foi se formando com a maciez de seda da Pérsia; A superfície geográfica do teu corpo foi tecida em cor e luz; Com delicadeza imensa, nasceu um quase sorriso; Como num toque de mágica, deu-se forma ao teu calor; Costurando lentamente, pois carícia em tuas mãos; Espalhou por toda roupa, o perfume do teu corpo; Sonorizou ao meu ouvido, a tua respiração; Com linha bem transparente, deu pulsar ao coração; E a pele excitada deu vida a emoção. E foi assim que minhas agulhas da mente te

Uma Paixão Sedutora (Socorro Monteiro)

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Um dia um homem apaixonado por uma arte me contaminou com o vírus da sedução das imagens com a mesma avidez do poeta que atrai pela palavra. E como a terra que faz nascer a semente nas suas entranhas, ele fez germinar dentro de mim o interesse de viajar no mundo do cinema.

SOLIDÃO (Socorro Monteiro)

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   Homenagem a Dominguinhos                                           Uma sanfona vagueia sozinha pelos rincões do sertão. Ela sabe que nunca mais será acariciada pelos dedos ágeis e grossos que lhes coçavam as costelas ordenando o comando do floreado que expressava alegria, inventando acordes que davam muito xodó. Sabe que apesar do vigor que ainda carrega, está condenada ao recolhimento e as lembranças do seu romance feliz, que durante muito tempo produziu muito chamego...  

A FACE DA MÚSICA (Socorro Monteiro)

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A música toma a forma de fumaça azulada no infinito. Adentra aos nossos ouvidos com uma grande maciez. Se a audição enxergasse, a veria nas cores do arco-íris. Se a pele a tocasse, a sentiria um manto drapeado, transparente e sedoso, com o poder de acariciar o corpo.

O SERTÃO TEM SEUS ENCANTOS (Socorro Monteiro)

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Foto: Socorro Monteiro Povo na beira da estrada, casa branquinha caiada, na porta a inscrição: deus proteja essa casa e não deixe faltar nada   nem comida nem remédio e livre nóis do inferno da fome da sequidão Menino só de calção, sem camisa e sem chapéu   caminha pelas estradas com uma peteca na mão a cara toda rajada, sem se preocupar com nada,   buchudo de pé no chão, Um burrinho carregado, pelo dono açoitado nas costas o suor se espalha,   e na agonia do caminho vai xotando com o velhinho   bem no meio da cangalha No caminho tem uma cerca, mais na frente uma cancela, pra poder chegar no rio, tem que se passar por ela lá está a lavadeira, com a roupa toda molhada,   dá até pra vê suas curvas bem de longe da estrada Ao longe se ouve chocalho, tocando na capoeira,   acompanhado de berros se aproxima a cabroeira   são bodes, ovelhas, cabras   que veem em busca da água e começa a bebedeira. Quem passar pelo sertão vai vê doutor muito mais:   vai vê cr